RENATO MAZZINI
Renato Mazzini nasceu em Março de 1982, em Santa Fé do Sul, interior de SP, onde ainda vive. É bacharel em Direito e trabalha como professor de inglês. Publicou poemas em alguns lugares da web e em veículos impressos.
inglês. É fã de histórias em quadrinhos, prosa de ficção, videogames e cerveja. Publicou os livros de poemas Paisagem com dentes (RJ: Oficina Raquel, 2009), Aqui começa a Antártida (SP: Patuá, 2015) e História inconclusa de la velocidad (Buenos Aires: Zindo y Gafuri, 2016). Teve poemas publicados em diversos veículos, impressos e virtuais, no Brasil, Argentina e México.
INIMIGO RUMOR- revista de poesia - Número 20 Ano??? Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi. Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, ??? ISSN 1415-9767-00020 No. 01 180
FIM DO MUNDO, SALA DE ESPERA N. 2
e o que importava se fossem
os passos de um escriturário
castelhano ou de um boxeador
russo pesando sobre o lençol
de areia extenso até a borda
do portão, e faria qualquer
diferença o gato morrendo em
chamas antes de abocanhar
o beta dentro do aquário ruim
e pequeno dos filhos? e uma
mosca obedecendo os traçados
invisíveis feitos no ar girando em
torno de uma cabeça, chapéu de
homem velho as bordas roídas
amarelas um número que sempre
foi menor que a cabeça e de muito
mau gosto, uma sombra projetada
sobre o quadro de brancura da
prancheta de um arquiteto, o único
o último arquiteto do mundo, invés
de preparar os estudos para seu
projeto acendeu um charuto se
achou inepto deixou que viesse
o carteiro pôs um pacote com
os incompletos em sua mão
disse que o leve para o raio
que o parta, acendeu outro
charuto, ponderou sobre a vista
um desfile de pinheiros de tamanhos
diferentes, as copas todas invertidas.
O FOTÓGRAFO
mão furtiva que oferece
os dedos para o animal
enjaulado nos próprios
sentidos, pendente na
borda do abismo,
higiênico noutra manhã
de Sábado, obstinadeem reunir sílabas fomentar
outra alquimia secreta
desencadear reações
diversas nos objetos e
na gente alheia um copo
com resina, uma vela por
lamparina quando poderia
com uma lanterna as gola
da jaqueta desgastada
tentando camuflar um inseto
MUNDO MINIATURIZADO
(há muito antes do nanquim)
uma guache de dedos ferozes
um navio, um urso, um camelo
distantes do papel centímetros
debaixo dos excessos escorridos
manchas em marcha ascendente
acesas, uma colônia de formigas
pilares de pátio através das vidraças
faróis de uma caminhonetas, o arrasto
contido de estranhas incandescências
só então um pão com leite morno, jornais
vários manchados cheios de traços e rasgos
adultos zangados são sempre a minha casa
UM COPO COM MAR
sal, enquanto as marés,
atravessando os machucados
e uma jangada, troncos, cordas
pano — não durará, as velas de
um barco, precisas articulações
de dedos suma manopla de plástico
e metal recolhendo gente perdida
na córnea mais azul-profunda deste
oceano (que bem podia ser um
mar):
logo ali o oceanógrafo submerso,
suas anotações em folhas simples
de caderno, traços de pouco zelo
uma letra asfixiada: encouraçados
até oxidam, nervos tetânicos os
corações só enferrujam quando
*
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Página publicada em dezembro de 2023
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